Mesa 1: Fisioterapia, Saúde Física e Saúde Pública em Portugal

A Fisioterapia desempenha um papel fundamental na Saúde Pública e na promoção da Saúde Física. A Mesa 1 do XII Congresso Nacional de Fisioterapeutas - Fisioterapia, Saúde Física e Saúde Pública em Portugal - irá discutir o valor da profissão na promoção da saúde das populações, reconhecida por diferentes organizações internacionais, nomeadamente, a World Physiotherapy. ^(1-6). Também a Organização Mundial de Saúde considera, há vários anos, o papel da Fisioterapia enquanto profissão de saúde fundamental na prescrição de atividade física.

Em Portugal, de acordo com o Estatuto da Ordem, os Fisioterapeutas atuam na promoção e na educação para a saúde, na redução do risco e prevenção da lesão, perturbação ou doença de grupos ou comunidades, assumindo uma responsabilidade ética e social na proteção, manutenção e melhoria do estado e nível de saúde de grupos populacionais doentes ou saudáveis ⁽⁷⁾.

O seu enquadramento profissional integra dois grandes modelos conceptuais, o sistema de movimento humano e a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF). Esta visão contemporânea oferece ao sistema de saúde, uma classificação e interpretação das condições de saúde não apenas pelas alterações individuais das funções corporais e estruturais, mas também pela modificação de fatores ambientais, atividades e participação. Esta perspetiva global que ultrapassa o perímetro individual da pessoa, integrando-a num contexto socio-económico-cultural, é um elemento importante da abordagem à saúde quer individual, quer comunitária e populacional por parte da Fisioterapia ^(8,9).

Dados recentes do relatório Health at Glance 2024 mostram que Portugal continua a enfrentar desafios significativos em matéria de saúde pública. Apesar de apresentar uma esperança média de vida muito elevada à nascença, apenas alcança 69,5 anos de esperança de vida, ajustada pela saúde. Metade da população acima dos 65 anos sofre de pelo menos duas doenças crónicas e verifica-se uma carga de doença e uma incapacidade funcional muito significativas. Menos de 10% das pessoas acima de 65 anos cumpre as recomendações internacionais para a prática de atividade física, enquanto entre os adultos e os jovens, essa percentagem é de 16% e 20%, respetivamente ⁽¹⁰⁾.

Neste contexto, importa recordar que um dos principais pilares da profissão na saúde pública é a prevenção primordial e primária da saúde ao longo do ciclo de vida. Os Fisioterapeutas trabalham diariamente para identificar, avaliar e gerir fatores de risco e determinantes que influenciam disfunções de movimento, de modo a concretizar políticas positivas de saúde. A profissão contribui com intervenções baseadas em programas de atividade e exercício físico, educação em saúde e promoção de estilos de vida saudáveis. Nesse âmbito, envolve-se em programas comunitários multidisciplinares de Saúde Escolar, Saúde Materna, Saúde Infantil, Saúde Ocupacional, Saúde do Adulto mais velho e Saúde Mental. Além, disso, na esfera da prevenção secundária e terciária, a Fisioterapia desempenha um papel fundamental na gestão de condições agudas e persistentes aumentando a funcionalidade participada das pessoas. Dessa forma, contribui para a sustentabilidade futura dos sistemas de saúde, através da redução da carga de doença e promovendo um retorno mais rápido e efetivo à atividade profissional e a um papel ativo na comunidade ⁽¹¹⁾.

Da visão estratégica para a atividade física aos modelos internacionais de referência, esta Mesa 1 do Congresso será um espaço privilegiado para discutir o contributo da profissão na saúde global do país e uma oportunidade única para aprender e refletir sobre o contributo da inteligência colaborativa no futuro da saúde coletiva.

1. World Confederation for Physical Therapy 2015 Policy statement: description of physical therapy. http://www.wcpt. org/policy/ps-descriptionPT.
2. American Physical Therapy Association 2017 Physical therapist’s scope of practice (HOD P06-17-09-16/HOD P06-17- 08-07 [Position]). https://www.apta.org/uploadedFiles/ APTAorg/About_Us/Policies/Practice/PTScopeOfPractice Combined.pdf
3. Australian Physiotherapy Association 2016 Policy Statement Scope of Practice. http://www.physiotherapy.asn.au/ DocumentsFolder/APAWCM/Advocacy/Scope%20of% 20Practice_with%20on%20brand%20diagrams.pdf.
4. Canadian Physiotherapy Association 2012 Position statement population health. https://physiotherapy.ca/sites/default/ files/positionstatements/population-health_en.pdf.
5. Chartered Society of Physiotherapy 2016 History and context of scope of practice. http://www.csp.org.uk/professionalunion/professionalism/scope-of-practice/history-contextscope-practice.
6. World Health Organization. Rehabilitation 2030: a call for action. Concept note.
7. Estatuto Ordem dos Fisioterapeutas
8. World Health Organization 2001 The ICF: an overview. http://www.wcpt.org/sites/wcpt.org/files/files/GH-ICF_overview_FINAL_for_WHO.pdf
9. Dean CM, Duncan PW 2016 Preparing the next generation of physical therapists for transformative practice and population management: example from Macquarie University. Physical Therapy 96:272–274.
10. OECD/European Commission (2024), Health at a Glance: Europe 2024: State of Health in the EU Cycle, OECD Publishing, Paris.
11. Cieza A, Causey K, Kamenov K, Hanson SW, Chatterji S, Vos T. Global estimates of the need for rehabilitation based on the Global Burden of Disease study 2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet. 2021 Dec 19;396(10267):2006-2017.